sábado, fevereiro 25, 2006

Embriaga-te

Devemos andar sempre bêbados. Tudo se resume nisto: é a única solução. Para não sentires o tremendo fardo do Tempo que te despedaça os ombros e te verga para a terra, deves embriagar-te sem cessar. Mas com quê? Com vinho, com poesia ou com a virtude, a teu gosto. Mas embriaga-te. E se alguma vez, nos degraus de um palácio, sobre as verdes ervas duma vala, na solidão morna do teu quarto, tu acordares com a embriaguez já atenuada ou desaparecida, pergunta ao vento, à onda, à estrela, à ave, ao relógio, a tudo o que se passou, a tudo o que gemeu, a tudo o que gira, a tudo o que canta, a tudo o que fala, pergunta-lhes que horas são: "São horas de te embriagares!" Para não seres como os escravos martirizados do Tempo, embriaga-te, embriaga-te sem cessar! Com vinho, com poesia, ou com a virtude, a teu gosto. Charles Baudelaire
*Acho que hoje só consigo mesmo embriagar-me de boémias!

4 comentários:

Anónimo disse...

E posso embriagar-me com amor? É um estado borbolet optimo, em que tudo fica repentinamente rosado e luminoso... é errado?

Brida disse...

eu quero embriagar-me de amigos, dos quais tenho tantas saudades...
amo-te!

particula disse...

Cris: :) errado não é... o que é o certo e o errado?! Contudo, tens que contar que poderas estar diante de uma zurrapa e com as ressacas... odeio domingos...
Muita luz pode cegar... (não ligues: estou velha, é de manhã, escrevo estas linhas a fumar uma marca que não a minha...)

particula disse...

Brida: Embriaga-te! De amigos como os meus será sempre uma boa bebedeira... temos que ir pros copos! beijos encorpados!