quinta-feira, julho 27, 2006

Retroescavadora amarela

Sentada no amarelo, fuma cigarros. Troca-os de mão conforme a conveniência, de forma a impregnar cada polpa dos dedos, cada falange, falanginha e falangeta do odor suave do português. Vai sentir saudades deste cheiro... inspira, expira, inalana. Olha as fotografias espalhadas pela parede, reconhece-se/os/nos. O que foi feliz e o que foi triste. Luna passeia-se indiferente ao facto de poder ser chamada de Buga. As beatas acumulam-se pelo chão, ornamentando o caminho de amendoíns e sementes de girassol. As ruas serão de ouro, aqui são alimento e horas de ócio, prazer, dor, partilha e solidão. Fernando vem em pessoa segredar-lhe ao ouvido: estás só, cala e finge. Ela anui enquanto fuma mais um cigarro e calcula quanto tempo falta para a papelaria do andar de baixo lhe poder vender mais um maço nacional. O amarelo esbate-se sob o peso da inercia. Disse-lhe que era uma deusa, a sua mulher paixão! Não se ilude, sabe que é a menina puta na melhor das hipoteses, mas cala e finge, diz-lhe Fernando. Ela rocha que é resiste à verdade e num truque de ilusionismo, vai ao cinema em cascais, sabe estar, ser, tem presença, classe, não arrota, nem diz obscenidades. Sorri com metade da boca, a que não existe. Ele quer assentar, filhos já tem, viveu muito agora quer uns chinelos, o jornal desportivo e uma senhora ao lado que não tenha dentes podres! Ela dá uma gargalhada estridente ao som das chiclet ice de canela, gargalhada geral sob o impacto da mangueira amarela (para ela sempre foi amarela, que lhe desculpem os primos) no corpo que se vai tornando cada vez mais susceptivel de entrar em depressão. E se vomitar? irá ele segurar-lhe nos cabelos, por-lhe a mão na testa? Ele diz-lhe que ela é linda, que gosta de conversar com ela, se não fosse a certeza de que é gay, pensaria que lhe quer saltar para cima. Ele adivinha-lhe o pensamento. O sorriso sarcástico diz-lhe: Eu não quero foder contigo! A perna mal cruzada tatuou um elefante vermelho sobre o gémeo. Tem que ir cortar o cabelo. está ridiculo, apanha-o por favor! quem lhe diz merece toda a consideração nestes aspectos, é um pêssego. Ela gosta de pêssegos e tem sorte de ter um pessegueiro no quintal. Esteve com um pêssego de fraldas e amassou-o, fez faísca, e juntos perderam o medo (fingiram e calaram) do Moises. O profeta é louco... grita às ovelhas, elas não fazem caso... aquele é o seu território se quizer que chame os palestianos a ver se elas se importam! Caculo Cabaça está a duas horas de distância, alugou um avião para lá ir mais a miúda. Não se lembra se foi a Mona Lisa que a convidou para um chá. Não se lembra de nada. São 3, melhor eram 3, agora são dois. um já alguém apanhou, felizmente não foi ela... porque não sabe a mar, quanto muito tem um sabor mesclado de sol e tabaco. Nas suas veias corre nicotina e coca cola. Tem saudades do martini, e ja agora de moscatel, sangria, vodka limão, tonic, morango (mas só se forem sumos naturais, que não bebe subprodutos do progresso). Está de ressaca, não consegue respirar e a retrosescavadora amarela não para de fazer barulho para a desconcentrar na importante tarefa de decidir se veste as pretas ou salmão. Agora tem uma licensa... para pensar! Que nojo a invade directamente no estômago...

terça-feira, julho 18, 2006

A humanidade anseia por calor...

Está um calor insuportável! Qual a novidade?! nenhuma... O suor escorre-me por entre as refegas de carne. No tempo quente não me sinto carente. As gordas gotas de suor acariciam-me os contornos do ser, alojam-se em lugares improvaveis. Tenho a pele saciada... Durmo com o inimigo, com o único intuito de aumentar a concentração de suor. Retorno à dictomia ternura/desejo e opto pelo mimo/tesão. A primeira é irreal, são construtos universais... Tudo se resume a gotas de suor... Por onde se passeiam as tuas?!

domingo, julho 02, 2006

Não devia aqui estar... Vocês não me viram. Shiuuu...