terça-feira, abril 28, 2009

Unha do dedo mindinho do pé esquerdo.

Sabes, eu não estou bem.
Doi-me a garganta, tenho o ouvido esquerdo endemaciado e o direito a latejar.
Continuo a fumar muito, como quando nos conhecemos, só que agora mais compulsivamente.
Penso muito, e por isso devo estar doente dos olhos, a acreditar no meu amigo Pessoa.
Sim, os meus olhos devem estar enfermos... 
Não vi que estava sozinha. 
Estou louca porque ouvia vozes, a tua, sempre comigo. 
Sentia mãos, as tuas, a afagarem-me o corpo, a adormecerem-me durante a noite... 
Nos raros momentos em que os pensamentos param de me esmagar o ser com as suas ferraduras a trote, apercebo-me que faz tudo parte do delírio, da loucura, que nunca exististe... E aí volta tudo de novo...
Tu fazes parte de um plano, teu pessoal, para me enfraqueceres, tirares de mim tudo o que me é vital... estiveste cá, falaste para mim, embalaste-me os sonhos, acariciaste-me a cabeça... para eu me dar, para tu beberes os meus sucos, cresceres, ficares forte, grande, poderoso, lindo. Como eu era... Secaste-me... porque era esse o plano... 
Podias ter-te deleitado com os meus sucos sem estragares. Neste momento estavamos os dois fortes, grandes, poderosos e lindos como eu era...
Não foi isso que aconteceu... 
Sabes eu não estou bem... Secaste a Seiva...
Partes agora para ires secar outras seivas... Sempre te disse que não sabes beber...
Secaste tudo... mas deixaste-me as amigdalas a doerem, o ouvido esquerdo endemaciado, o direito a latejar, esta doença de olhos que teima em me enervar. E estes Cavalos Selvagens que não consigo dominar, a trotarem dentro do meu peito, cabeça e unha do dedo mindinho do pé esquerdo...
Tem cuidado ao beber...