domingo, abril 17, 2005

Tempo...

O tempo, como toda a gente o sabe, e já o verbalizou pelo menos uma vez na vida, é relativo! O mesmo espaço temporal e espacial - o espaço enquanto tempo; o tempo enquanto espaço, levaria-me a outras paragens, mas isso fica para outras nupcias!!! - apresenta-se-nos de diferentes formas... O mesmo segundo, pode-se-nos afigurar dolorosamente longo, deliciosamente curto ou até mesmo deliciosamente longo e dolorosamente curto, poderiamos fazer outras combinações, mas o interesse aqui não é matemático, mas sim de cariz emocional, afectivo... Os poucos dias em que aqui me encontro - na verdade penso que ainda não cheguei, estou atrasada... já arrumei o armário, varri o quarto, mas ainda não me penso cá... tálvez amanhã chegue no voo das 10h... - têem-me proporcionado, momentos agradavelmente supreendentes, pela novidade, pela expectativa, pela brisa de aventura, pelas pessoas que vou encontrando, até as dificuldades que vão surgindo têem sido agradaveis na perspectiva do dia conseguido! Contudo, cada segundo me custa, porque gostava de estar a viver tudo isto ao lado de outras pessoas - provavelmente seria horrivel! - Gostava de olhar nos olhos de alguém e esse mesmo alguém saber o que estou a sentir, o que estou a pensar, gostava de dizer um disparate qualquer, e não passar disso mesmo: um disparate!!! Gostava que ao fechar-me no meu quarto, por necessidade de me ouvir diáriamente, não fosse provocar uma onda de dúvidas em cabeças alheias... será que...?! No entanto, estas pessoas com quem tenho partilhado este meu breve longo tempo, tem ajudado a encurtar o tempo do tempo, e frequentemente a adocica-lo! O tempo é relativo... O tempo que tenho considerado doloroso, designo-o assim ou melhor sinto-o assim, pela ausencia de tempo com as outras pessoas... que agora me apercebo, que a minha dependência delas não é tão significativa quanto o julgara antes de partir... Mas realizo, que as amo verdadeiramente... livre e autenticamente amo-as! Amo cada minuto doloroso em que penso em cada um de vocês, vocês que espero ter conseguido que saibam quem são...!!! É tão bom estar aqui convosco mesmo longe... O tempo é relativo. Os sentimentos também, mas de uma forma relativa...

quinta-feira, abril 07, 2005

amarelo

Amarelo: cor muitas vezes difamada... Cor da fome, da inveja, aquele está todo amarelo, provavelmente figadeira! Este outro tem um sorriso amarelo, deve ser é um cínico de merda! tens as cuecas todas amarelas, cagaste-te?! Os teus dentes estão amarelos quando é que deixas de fumar? As roupas estão amarelas, já pensas-te em mudar de lixivia?! e assim por diante... O amarelo injustamente, é frequentemente associado a factos pouco agradáveis... Contudo eu gosto muito do amarelo! O amarelo do teu sorriso envergonhado; o amarelo da tshirt que nunca usarei... O amarelo do sol na minha pele, o amarelo da minha escola primária; o amarelo do polén das flores; o amarelo da gema do ovo que tanto gosto de lhe juntar o amarelado do azeite; o amarelo doce dos frutos maduros... O dizer AMARELO, implica o enrolar da língua de uma forma deliciosamente obscena! Viva o amarelo, da alegria, da vida, da leveza, joie de vivre?! Aqui junto o amarelo do involcro de um rebuçado rosado como os lábios carnudos das crianças lambendo um chupa de cola! O amarelo envolvendo a inocência e a pureza rosada, mas insinuosa... A alegria e a leveza envolvem sempre o que de mais puro e genuíno temos dentro de nós, mesmo que por vezes seja uma coloração que possuí, ou que se deseja, pintalgada de alguma inocente malícia... rosa avermelhado... com o amarelo, a mistura obtida será laranja? Se assim for, a vida por vezes é uma laranja - de todas as variantes existentes - azeda, doce, seca, sumarenta, com caroços, sem caroços, com gomos grandes e carnudos, por vezes com gomos pequenos e tísicos, biológica ou até não, nacional, espanhola, do agricultor do porão... Tudo pró menino e pra menina! A especificidade é a pedra basilar da diversidade... através do específico torno-me desigual dos meus iguais!