quinta-feira, maio 25, 2006

A VENTURA DA PRODUTIVIDADE: A NOIVA DO SOLDADO

Uma rapariga sem braços com uma perna de pau
Frente a uma paisagem marítima, grávida.
Barata: não pode ir-te aos bolsos.
Cómoda: não se gruda ao teu andar.
SEM BRAÇOS É SEM PERIGO. Não pode
Correr atrás de ti: se tu partes
Tu partes.
Acenas-lhe talvez um pequeno adeus.
Apesar de tudo ela ainda tem olhos (dois).
Quatro mil raparigas sem braços abraçam-te
Quatro mil raparigas grávidas com pernas de pau
Seguem-te o rasto
[Heiner Müller - Adolfo Luxúria Canibal / Adolfo Luxúria Canibal]

9 comentários:

Naked Lunch disse...

o que eu gosto deste cd e das suas poesias... estou sempre a voltar a ele e a elas, mesmo de forma inconsciente... gosto das hienas, das árvores escandalosamente verdes, dos reencontros num cemitério, do meu pó gritará por ti, do quem mora na minha cabeça... bebo demasiado...

cru, apaixonado, podre

metatron disse...

Muito bom ... deep.

Jazz Manel disse...

Demasiado negro...

particula disse...

MORTE DE TEATRO
[Heiner Müller - Adolfo Luxúria Canibal / Miguel Pedro]

Teatro vazio. Em cena um actor
Que morre segundo as regras da sua arte
O punhal na nuca. O ardor retomado
Um último solo, para pedir os aplausos.
E nem uma mão. Num camarim vazio
Como o teatro, um fato esquecido.
A seda sussura o que o actor grita.
A seda tinge-se de vermelho, o fato torna-se pesado
Com o sangue do actor que na morte se derrama.
Sob o esplendor dos lustres, que faz empalidecer a cena
O fato esquecido bebe e esvazia as veias
Do moribundo, que não se assemelha mais do que a ele mesmo
Perdida a alegria e o terror da metamorfose
Seu sangue uma mancha de cor sem retorno

metatron disse...

lindo muito bom seivancional

José Manuel Antunes disse...

Beijinhos

particula disse...

seivancional... boa palavra! mal empregue...

beijos não se dão, partilham-se!

Sáurius disse...

a visão d eum dramaturgo...não seremos nós um pouco tb...?!

particula disse...

eu pelo menos faço filmes que me desunho! :P